Atletas das mais diversas modalidades costumam receber status de celebridades graças às suas conquistas esportivas, ao marketing e à exposição pela mídia. Aproveitando o conhecimento e a admiração que despertam, muitos deles elegem-se para cargos políticos, tornam-se garotos-propaganda ou empresários, entre outras ocupações de destaque midiático.
Porém é igualmente comum observarmos o emprego da imagem de atletas em campanhas de sensibilização social, obras filantrópicas e alertas de utilidade pública. Por serem pessoas bem quistas de maneira geral pela sociedade, suas vozes se tornam fortes instrumentos a fim de transmitir e fazer compreender a mensagem em questão.
Apelos pela paz nos estádios ganham mais credibilidade quando mostram rivais em campo se abraçando na TV. Um campeão olímpico fotografado doando sangue incentiva a população a fazer o mesmo. O governo federal alcança mais lares associando a divulgação de uma reforma previdenciária, por exemplo, a um esportista com boa aceitação no país.
Algumas vezes o próprio atleta inicia a campanha, seja por aproximação à causa, seja por vivê-la na própria pele. É o caso da recente viralização massiva do “desafio do balde de gelo”.
O ex-jogador norte-americano de baseball universitário Pete Frates foi diagnosticado, em março de 2012, com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), uma doença neurodegenerativa ainda sem cura. A ELA causa a paralisia motora irrecuperável e que nos EUA também é conhecida como doença de Lou Gehrig, ex-atleta que morreu por consequências da ELA em 1941, tendo atuado por 17 anos com a camisa do New York Yankees e MVP da Major League Baseball em duas oportunidades.
Frates ainda não sabia, mas estava prestes a, ao menos por ora, sensibilizar parte da população sobre a ELA, auxiliar institutos de pesquisa que buscam sua cura e criar mais um fato viral na internet. Frates não foi o inventor do “desafio do balde de gelo”, mas quem popularizou.
O precursor foi um jogador de golfe em uma brincadeira com a prima, cujo marido também tinha ELA. A moça deveria tomar um banho de gelo em troca de uma doação para pesquisas relativas à doença. Pronto. Era a receita para a massificação. A brincadeira chegou em Frates e, de atleta em atleta, foi atingindo Neymar, Cristiano Ronaldo, LeBron James, Usain Bolt e outras personalidades fora do esporte, como Gisele Bündchen e Bill Gates.
Como toda campanha de mídias sociais que se torna viral e ganha a adesão de celebridades, o “desafio do balde de gelo” foi apropriado pelo marketing pessoal e pela publicidade a fim de promover a imagem e a reputação destas pessoas notáveis. Grandes produções foram montadas para o simples gesto de virar um balde de gelo sobre a própria cabeça.
Muitas marcas apareceram e vários times de diversas modalidades aderiram à causa. Coincidência? Filantropia interesseira? Marketing de oportunidade? Talvez tudo disso um pouco, ou nada se sabe. O importante é que as doações já passam dos US$ 22 milhões e a ELA dá um importante passo para conhecer sua cura.
Hoje Pete Frates convive com a doença, se casou e ocupa o cargo simbólico de diretor de operações de baseball do Boston College.
Pedro Corat
Vídeo: compilação com alguns jogadores de futebol fazendo o “desafio do balde de gelo” (tem o CR7 de sunguinha, pra deleite feminino)
Para saber mais sobre a ELA e fazer doações, visite o site do Instituto Paulo Gontijo